Tuesday, November 13, 2012

Portugal: Investigação a vice-presidente angolano abre crise com Luanda




O Governo angolano já manifestou incómodo em relação “a clima de suspeita permanente” na justiça portuguesa

O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) português abriu uma investigação com base em suspeitas de branqueamento que visam o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, o general Kopelipa e o consultor Leopoldino Nascimento.

Nenhum é arguido ou foi ouvido, numa averiguação preventiva com mais de oito meses.

Entre os negócios investigados está a compra por Vicente de 24 por cento das acções do BESA ao BES. 

Um caso que gerou já uma troca de acusações na imprensa dos dois países:

Um muito duro editorial do Jornal de Angola...


Jogos perigosos


"Camões, faminto de tudo, até de pão, na hora da partida desta vida, descontente, ainda foi capaz de um último grito de amor. Morreu sem nada, mas com a sua ditosa e amada pátria no coração. Ele que sofreu as agruras do exílio e foi emigrante nas sete partidas, escorraçado pelos que se enfeitavam com a glória de mandar e a vã cobiça, morreu no seu país.
O mais universal dos poetas de língua portuguesa deixou-nos uma obra que é o orgulho de todos os que falam a doce e bem-amada língua de Camões. Mas também deixou, seguramente por querer, a marca das elites nacionais que o desprezaram e atiraram para a mais humilhante pobreza. O seu poema épico acaba com a palavra Inveja. Desde então, mais do que uma palavra, esse é o estado de espírito das elites portuguesas que não são capazes de compreender a grandeza do seu povo e muito menos a dimensão da sua História. Nós em Angola aprendemos, desde sempre, o que quer dizer a palavra que fecha o poema épico, com chave de chumbo sobre a masmorra que guarda ciosamente a baixeza humana.
A inveja moveu os primeiros portugueses que chegaram à foz do Rio Zaire e encontraram gente feliz, em comunhão com a natureza. Seres humanos que apenas se moviam para honrar a sua dimensão humana e nunca atrás de riquezas e honrarias.
A inveja fez mover os invasores estrangeiros nesta imensa terra angolana. Inveja foi o combustível que alimentou os beneficiários da guerra colonial.Inveja foi o estado de alma de Mário Soares quando entrou na reunião do Conselho da Revolução, que discutia o reconhecimento do novo país chamado Angola, na madrugada de 10 para 11 de Novembro de 1975. Roído de inveja e de cabeça perdida porque a CIA não conseguiu fazer com êxito o seu trabalho sujo contra Angola, disse aos conselheiros, Capitães de Abril: não vale a pena reconhecerem o regime de Agostinho Neto porque Holden Roberto e as suas tropas já entraram em Luanda. Uma mentira ditada pela inveja e a vã cobiça.
A inveja alimentou em Portugal o ódio contra Angola todos estes anos de Independência Nacional. E já lá vão 37! Os invejosos e ingratos para com quem os quer ajudar estão gastos de tanto odiar. Que o diga a chanceler Angela Merkel, que ajudou a salvar Portugal da bancarrota, mas é todos os dias insultada. Recusam aceitar que foram derrotados depois de alimentarem décadas de rebelião em Angola, de braço dado com as forças do apartheid de uma África do Sul zelosa guardiã da humilhação de África.
As elites políticas portuguesas odeiam Angola e são a inveja em figura de gente. Vivem rodeadas de matilhas que atacam cegamente os políticos angolanos democraticamente eleitos, com maiorias qualificadas. Esse banditismo político tem banca em jornais que são referência apenas por fazerem manchetes de notícias falsas ou simplesmente inventadas. E Mário Soares, Pinto Balsemão, Belmiro de Azevedo e outros amplificam o palavreado criminoso de um qualquer Rafael Marques, herdeiro do estilo de Savimbi.
Os angolanos estão em festa pela Independência Nacional. Em Portugal, a nova Procuradora-Geral da República foi a Belém onde deve ter explicado a Cavaco Silva as informações que no mesmo dia saíram na SIC Notícias e no Expresso, jornal oficial do PSD, que fizeram manchetes insultuosas e difamatórias visando o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, que acaba de ser eleito com mais de 72 por cento dos votos dos angolanos.
Militares angolanos com o estatuto de Heróis Nacionais e ministros democraticamente eleitos foram igualmente vítimas da inveja e do ódio do banditismo político que impera em Portugal, neste 11 de Novembro, o Dia da Independência Nacional. A PGR portuguesa é amplamente citada como a fonte da notícia. A campanha contra Angola partiu do poder ao mais alto nível. Mas como a PGR até agora ficou calada, consente o crime.
As relações entre Angola e Portugal são prejudicadas quando se age com tamanha deslealdade. A cooperação é torpedeada quando um ramo mafioso da Maçonaria em Portugal, que amamentou Savimbi e acalenta o lixo político que existe entre nós, hoje determina publicamente o sentido das nossas relações, destilando ódio e inveja contra os angolanos de bem. Da boca para fora, são sempre amigos de Angola e dos angolanos, da Alemanha e dos alemães.
Enchem os bornais de dinheiro, à custa de Angola, comem à custa da Alemanha. Sobrevivem à miséria, usando como último refúgio a antiga "jóia da coroa", feliz expressão do capitão de Abril Pezarat Correia. Mas na hora da verdade, conspiram e ofendem angolanos e alemães, usando a sua máquina mediática.
"De sorte que Alexandre em nós se veja,/ sem à dita de Aquiles ter inveja." Estes são os dois últimos versos de Camões no seu poema épico. Os restos do império, que estrebucham na miséria moral, na corrupção e no embuste, deviam render-se à evidência. Angola não é um joguete! Nós somos Aquiles! Tão grandes e vulneráveis como ele. Mas não tenham Inveja do nosso êxito, porque fazemos tudo para merecê-lo."


E uma resposta do semanário português Expresso que deu a notícia da investigação aberta em Portugal, jornal de Pinto Balsemão, acusado pelo Jornal de Angola de "amplificar palavreado criminoso":

A vergonha de Angola 


Henrique Monteiro (www.expresso.pt)
10:36 Terça feira, 13 de novembro de 2012

O "Jornal de Angola" (JA) é a vergonha daquele país. Sinceramente, se alguém pensar que Angola se resume ao seu jornal proto-oficial, ficará com uma ideia muito preocupante do que o país é hoje.

Segundo aquele diário, "as elites políticas portuguesas odeiam Angola e são a inveja em figura de gente". Aliás, o JA salienta que os tugas são pródigos em odiar quem os ajuda como Angela Merkel que - e cito, com a devida chamada de atenção aos nossos esquerdalhos pró-MPLA - "ajudou a salvar Portugal da bancarrota" (fim de citação) e os próprios angolanos que (atenção aos críticos de Jonet) fazem o favor de ajudar o este ceguinho que é o nosso país a - como se escreve no jornal - "sobreviver à miséria".

E muito mais acusa o JA: diz que o Expresso é o jornal do PSD; que Soares, além de Balsemão e Belmiro(curiosamente proprietários do Expresso, SIC e 'Público') amplificam "palavreado criminoso" contra Angola; ou que há um "ramo mafioso da maçonaria" que está sempre a torpedear a cooperação (a qual subitamente deixa de ser ajudar à nossa miséria).

Tudo isto, a propósito de uma notícia do Expresso, no passado sábado, que dava conta de um inquérito aberto na PGR a três altos dirigentes angolanos, um deles o vice-presidente daquele país e ex-presidente da Sonangol, Manuel Vicente. Este, em declarações ao mesmo Expresso, nega qualquer ato menos lícito e, com normalidade, diz esperar que tudo se esclareça. Mas não contou, seguramente, com a reação da vergonha de Angola e do seu editorialista de serviço (fontes bem informadas de Luanda, dizem que é um português ressabiado, mas não tenho a certeza). É que a normalidade de um país não se mede só pela existência de eleições. A histeria do editorial é um péssimo contributo para a imagem de modernidade que Angola pretende projetar no exterior.

Mais do que isso, faz suspeitar muito da apetência de certos setores angolanos pela Comunicação Social portuguesa.Será para prevenir que notícias destas não voltam a aparecer? Quero crer que não, mas se o editorialista continua nesse tom, é caso para ter sérias dúvidas.

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