Monday, October 29, 2012

Angola: Detidos dois portugueses e um italiano membros de máfia milionária

Três empresários bem sucedidos, dois portugueses e um italiano, estão detidos em Luanda, acusados de associação criminosa e de tentativa de homicídio de um parceiro de negócios. As autoridades acreditam ter desmantelado uma rede de mafiosos, revela "A Capital".

Os portugueses Marcelino Oliveira Rocha, de 84 anos de idade, e João Valentim, de 38 anos, ambos, associados ao italiano Élio Castellena são suspeitos de formar uma quadrilha responsável pela prática de vários crimes, muitos dos quais ainda estão a ser investigados pelas autoridades nacionais.

Cada um desses cidadãos estrangeiros são conhecidos por cognomes sugestivos dos crimes de que são suspeitos de praticar. Marcelino Oliveira da Rocha, por exemplo, é conhecido como Velho Mafioso, enquanto os seus alegados comparsas João Valentim, 38, e Élio Castellena, 72, são também conhecidos, respectivamente, por O Príncipe e Cavaleiro de Itália.

Num caso concreto, que levou à detenção do trio, a vítima foi um empresário libanês (conhecido como Castro) radicado em Angola, que só não perdeu a vida por puro golpe de sorte, uma vez que o estabelecimento comercial, sob sua gerência, foi invadido por elementos, supostamente mandatados pelo trio.

Desse assalto às instalações do Grupo “Dimensão de Castro” resultou o roubo de 600 mil dólares, além do desaparecimento de documentação importante. O móbil do crime terá sido o roubo da documentação, contratos e demais documentos comprovativos da relação comercial entre Castro e os três empresários europeus.

Em 2010, quando o libanês chegou a Luanda, proveniente do seu país, pretendia investir em três sectores em Angola, nomeadamente, na hotelaria, imobiliário e na construção civil. Contactou, para o efeito, três empresários com cartas dadas no mercado angolano e detentores de múltiplas propriedades no país: o octogenário Marcelino Oliveira da Rocha, apontado como proprietário de um edifício de mais de 60 apartamentos na rua Rei Katyavala, em Luanda, o septuagenário Élio Castellena, com fortes interesses no sector de restauração, onde além da pizzaria Bela Nápoli, mantém sociedade em restaurantes como o Rialto, na marginal de Luanda, e o Tamariz, na Ilha do Cabo.

O libanês e o português Marcelino Oliveira da Rocha terão assinado um no qual o este último comprometia-se a arrendar ao primeiro um total de nove apartamentos nos edifícios 65 e 69 da rua Rei Katyavala, além de uma outra estrutura comercial localizada mesmo no rés do chão dos dois edifícios, mediante o pagamento de 3 milhões de dólares, sendo válido até 2018.

Acordo fechado e dinheiro pago, Marcelino da Rocha comprometeu-se a entregar ao Castro um contrato com escritura pública, mas tal nunca aconteceu. O português, que alegou problemas de saúde, rumou para Lisboa, deixando uma procuração em nome dos seus companheiros Élio Castellana, vulgo Cavaleiro Italiano, e João Valentim, O Príncipe, conferindo-lhes plenos poderes para agirem no que fosse necessário. 

Castro, o empresário libanês, conseguiu levar os seus projectos adiante, incluindo a instalação de um restaurante, no caso o King Bar, cuja clientela cresceu a ponto tal de ameaçar a existência da pizzaria Bela Nápoli. Por outro lado, os apartamentos que o trio de empresários europeus colocou à disposição do libanês valem agora muito mais do que em 2010 altura em que o acordo  foi rubricado.

Como explica A Capital:

Estes factos associados,  levaram o grupo de empresários europeus a conjecturar desfazer-se do acordo então rubricado, cujo prazo de vencimento está apenas marcado para 2018. As autoridades policiais acreditam que, a partir de Portugal, Marcelino da Rocha orientou os seus sócios a contratar um grupo de delinquentes para invadir o apartamento em que residia Castro. E a ordem era não apenas recuperar os documentos mas, acima de tudo, eliminar fisicamente o empresário libanês, asfixiando-o e, seguidamente, incendiar o apartamento para eliminar todas as pistas. 

Por sorte do libanês, ele não estava em casa no dia do assalto. Mas quando lá chegou, confrontou-se com o roubo de toda a documentação, e de um valor, no caso, 600 mil dólares, que ali mantinha guardado com o objectivo de participar de um leilão de materiais de construção. Um dos guardas do edifício, no entanto, observou a acção dos marginais, fortemente armados, e conseguiu vê-los transportados na viatura de João Valentim, O Príncipe, que era um dos parceiros do Velho Mafioso, ou Marcelino da Rocha como é mais conhecido. 

As autoridades angolanas estão, agora, em posse de informações comprovativas de que, não encontrando o empresário libanês em casa, a segunda opção do trio de europeus seria intentar uma acção judicial especial de despejo por alegada falta de pagamento, uma vez que, sem os documentos roubados do apartamento em que reside, ele não teria como provar o contrário em tribunal. 

Estes factos, entretanto, motivaram uma investigação das autoridades angolanas que foram dar, alegadamente, com uma teia de acções incorrectas e de associações criminosas de tais empresários europeus, dois dos quais, o português Marcelino da Rocha e o italiano Élio Castellena já residem em Angola há mais de 30 anos. Uma das medidas adoptadas imediatamente pelas autoridades policiais é, pois, a reabertura de um processo de homicídio de um dos seus sócio do Rialto que foi misteriosamente encontrado morto na sua residência. 

A Polícia foi, por outro lado, dar de caras com documentação comprovativa de demandas de valores, para Portugal, de forma ilícita durante um período calculado em 30 anos. Sobre João Valentim diz se ainda que aplicou um golpe parecido ao seu tio residente em Portugal. Na sua última viagem, este empresário depositou altos valores numa conta por si detida na Suíça, o que leva as autoridades a suspeitarem de fuga de capital. 

Os especialista da DNIC investigam, ainda, um possível envolvimento da sua esposa no caso. Seis meses de investigação terminaram, na sexta-feira, 19, com a detenção de Marcelino da Rocha, ainda no aeroporto 4 de Fevereiro, quando regressava a Angola e Élio Castellena, bem como a João Valentim, nas residências de cada um. 

Sabe-se, entretanto, que três dos melhores escritórios de advogados do país se mobilizaram em defesa dos cidadãos europeus, mas não conseguiram, desde já, evitar a cadeia, tão pouco convencer o poder judicial a mantê-los em liberdade enquanto aguardam por julgamento. Contactada uma das vítimas, no caso o empresário Castro, no sentido de dizer alguma coisa sobre o assunto, este mostrou-se indisponível alegando que o processo encontra-se sob investigação.

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